Entrevista do Mês: Rabeea Ansari

Quais são as suas expectativas e os principais desafios do cargo de Head of Digital América do Sul, assumido recentemente por você na AccorHotels?

O Brasil, especificamente, a região da América do Sul, é a mais dinâmica do mundo em termos de meios digitais. O Brasil é o segundo país com mais usuários do Facebook depois dos Estados Unidos, é o segundo maior país em uso de smartphones, metade da população brasileira tem acesso à internet, então, neste momento, não tem nenhum outro lugar mais interessante nessa área do que o Brasil, não tem nenhum outro lugar onde eu queira estar. Acho que isso me dá muita energia para estar em uma região extremamente dinâmica, à frente de todas as outras em inovação, em comportamento do consumidor, em meios digitais, em criatividade de comunicação com o cliente. Então, existe espaço para que muita coisa seja feita e isso é o que mais me empolga. A AccorHotels, como empresa, ainda tem muito para fazer na região. No meu cargo, acho que o objetivo é se aproveitar dessa energia, dessa forte mudança que acontece na nossa região e tentar propor novas soluções, novos conteúdos para os clientes.

Quais são os planos da área para o segundo semestre?

Vivemos um ano difícil em termos de ocupação e temos na web um grande desafio: seduzir o cliente a escolher a AccorHotels em suas reservas. Estamos trabalhando no projeto de uma promoção mensal relâmpago, de 48 horas, com preços incríveis e imperdíveis. A ideia está seguindo uma tendência do mercado, as companhias aéreas também estão fazendo diversas ofertas desse tipo. É um projeto para todas as marcas, que vai começar a partir deste mês.  Outra novidade que está em projeto piloto em dois hotéis é o parcelamento das tarifas. Daqui a seis meses quando tivermos os resultados desse piloto, o objetivo será desenvolver a solução para todas as unidades brasileiras para oferecer aos clientes a opção de parcelamento em nosso website.

Além disso, sou responsável pelo Plano Digital aqui na região, para implantar as novidades tecnológicas vindas da equipe global. Teremos um momento muito importante no mês de outubro, o DDD (Digital Development Days), que se trata de um momento de desenvolvimento de projetos digitais, em todas as regiões, ao mesmo tempo, e de algumas novas soluções que serão implementadas pelos hotéis. Então, nesse mês, os hotéis receberão muitas novidades em termos de tecnologias e de soluções, para que tenham mais facilidades no dia a dia e atendam aos clientes da forma mais eficiente e mais rápida.

No segundo semestre, o aplicativo da AccorHotels ganhará ainda mais relevância nos canais de reserva, com serviços adicionais que serão implantados. Gostaria que todos os colaboradores fizessem o download do aplicativo porque são eles os melhores embaixadores desse serviço e que nos enviem feedbacks sobre o que acham da navegação e do uso do app.

Você está gerenciando o projeto Olimpíadas e Paralimpíadas na AccorHotels. Como está sendo a experiência de coordenar eventos tão grandiosos?

Quando você nunca fez um trabalho desse tipo, você não imagina como é esse trabalho, porque não tem uma referência anterior. Mas, seguramente, posso dizer que está sendo uma experiência incrível e que me tornei uma expert no assunto. Fui convidada pela AccorHotels Rússia para fazer um briefing sobre a minha experiência durante a coordenação dos hotéis durante a Copa do Mundo aqui na região. E, neste momento em que acontece na França a Eurocopa, a AccorHotels França me procurou para fazer uma pesquisa sobre como organizei tudo durante a Copa do Mundo. Eventos de portes tão grandiosos não podem ser gerenciados da mesma forma que um evento local, pois o raciocínio e a forma de fazer não são iguais. A gestão e a coordenação dos eventos são muito complexas. Sem organização e planejamento com antecedência não é possível fazer acontecer. Além disso, existem as complexidades do país, das regras locais, das leis, tudo é bem complexo. É preciso estar preparado para os imprevistos que, certamente, vão acontecer, então temos que prever riscos. No entanto, uma coisa que aprendi é não entrar em pânico e manter sempre a calma para resolver todas as questões. O meu papel é dar segurança para todos os envolvidos.

Como uma das mulheres que ocupam posição de liderança na empresa, o que você acha da representatividade feminina cada vez maior na AccorHotels estimulada por meio do WAAG?

Acho que atualmente, de forma geral, pelo que é visto no mercado, uma mulher ainda precisa se esforçar para ter credibilidade em posição de liderança. Uma mulher no mundo corporativo, em posição gerencial, tem mais questionamentos e precisa provar mais. Acho que também é um desafio interessante porque acredito no fato de que se você tem competência e perseverança as coisas acontecem. Só precisa ter foco e não achar que nunca irá conseguir. Ser mulher não é uma dificuldade, pelo contrário, no meu dia a dia penso sempre que estou em uma posição de igualdade a todos os profissionais, porque tenho credibilidade, qualificação e competência para isso. Acho que todos têm de acreditar que as coisas não são impossíveis, que nunca irão conseguir realizar porque é mais difícil ser mulher.