Entrevista do mês: José Ramos

Você assumiu, em 1º de janeiro a área de Relação com Investidores, criada estrategicamente para que a AccorHotels mantenha a melhor relação com seus investidores. Como serão os primeiros meses nesta nova função?
Não tenho dúvidas de que os primeiros passos serão estruturar a nova área, de tal maneira que não percamos a continuidade do que já vem sendo feito, de tal maneira que consolide os diversos pontos, as diversas atitudes que já existem, porém de uma maneira mais estruturada e coordenada. Logicamente, será uma área que vem de acordo com os pilares da AccorHotels. Quando começamos a conversar com o Patrick Mendes, ainda como Diretor de Operações Upscale, Luxury e Midscale, sempre vinha essa necessidade de existir uma área para cuidar do relacionamento com os investidores. Tínhamos atitudes de relacionamento, mas não uma área coordenada. Nesses primeiros meses, iremos estruturar a área para que ela seja perceptível aos investidores e para os colaboradores, para que todos saibam a quem procurar quando precisarem de informações e/ou suporte.

Em termos pessoais, para mim, está sendo muito gratificante esta nova função. Receber uma nova missão depois de 25 anos de empresa é uma grande motivação e um grande reconhecimento. Sinto-me totalmente energizado, como se estivesse começando novamente.

Quais serão suas atividades e responsabilidades como Head of Relação com Investidores?
Vamos criar uma área que ainda não existe, então essa é uma situação diferente. Temos de ter um grande cuidado para não prejudicar o que já está sendo feito e para que a área comece a ter um norte. Me preocupo em deixar claro para todas as áreas os objetivos e a proposta da área de Relação com Investidores. O primeiro passo será a integração contínua com as áreas de Operações, Jurídico e Desenvolvimento de Novos Negócios. Temos mais de seis mil investidores e é preciso se preocupar com eles. O segundo passo será estabelecer a área e a minha figura como representantes da AccorHotels para as diversas entidades externas. Temos relacionamento com muitos órgãos municipais, desde prefeituras, com o licenciamento dos hotéis, até o FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil), que exerce um papel importante atualmente. Por fim, queremos que a nova área seja guardiã de todas as bases contratuais da empresa, para que haja coerência e não ocorram discrepâncias em contratos quando há pessoas que se interligam neles. Teremos que estar muito afinados com Operações e a área de Desenvolvimento para que isso ocorra bem.

Você já identificou alguns gaps que precisam ser melhorados no relacionamento com os investidores?
Sim. Vejo que a comunicação com os investidores precisa ser refinada no sentido de atender a demanda do que eles realmente precisam. Hoje, temos uma comunicação de resultados feita de forma comum para todos. Sei que 80% dos investidores não querem receber os resultados dos hotéis desta forma, pois é uma informação muito contábil e técnica. É preciso ter um cuidado para que a comunicação seja mais positiva para os investidores, com explicações e argumentos dos resultados conquistados por ele, mostrando o que a AccorHotels fez para que chegasse aos resultados e traçando um paralelo com o que acontece com o mercado.

Quais serão as primeiras mudanças ou transformações que você irá realizar?
Melhorar a comunicação com os investidores, e gostaria, também, de ter logo no primeiro mês um mailing completo de todos os investidores. Atualmente, ele está segmentado por departamentos ou diretorias. É uma função bem simples, mas muito importante de se ter. Vamos criar um fluxo interno de informações que mantenha esse cadastro preciso e atualizado.

Você está há 25 anos na AccorHotels. Com toda essa bagagem e experiência, como você vê o atual momento da empresa na região com o relacionamento com seus investidores – e prospecção de novos parceiros – frente ao atual cenário econômico do País?
Não é a primeira crise que vivemos, mas é a primeira que, incrivelmente, está na consciência de todos. As anteriores afetaram um determinado segmento ou região. Mas, hoje, todos os brasileiros foram afetados de uma forma ou de outra. Acredito que em um momento como esse, o mais saudável é a empresa se apresentar aos investidores, sem se esconder ou se omitir. A AccorHotels precisa deixar claro a eles que ela é a administradora e que está à disposição para falar sobre qualquer assunto. Um líder é aquele que se apresenta à frente quando a equipe está sem saber para onde ir. Então, acho que a comunicação precisa ser transparente, deixando claro que estamos cientes da crise, mas, se nos escolheram, é porque temos um diferencial e precisamos fazer valer esse diferencial.

Quais serão os principais desafios que a sua área terá em 2016?
O maior desafio será criar a área e o segundo maior que vejo é ser uma área reconhecida dentro e fora da empresa. Queremos ser uma área de suporte para as operações. Tudo gira em torno das operações e é importante que eles saibam que podem contar conosco. Vamos extrair tudo o que já existe de bom e criar padrões, até que o investidor saiba a quem deve recorrer quando precisar, tomando ao mesmo tempo o cuidado de não centralizar todas as situações.

 

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