Edição 34 – janeiro/2017 - Entrevista do mês

Entrevista do mês: Patrick Mendes

Nesta edição, confira a entrevista com o CEO AccorHotels América do Sul Patrick Mendes, que faz um balanço dos primeiros 18 meses da sua gestão à frente da presidência da empresa na região e comenta as principais conquistas de 2016 e os desafios de 2017.

Em julho de 2016, você completou um ano no comando da empresa na região e, desde o início da sua gestão, a expressão “sair do evidente” faz parte das suas decisões. Em meio a algumas dificuldades, você encontrou soluções para manter o plano de expansão da companhia, ter uma equipe motivada e descobrir as melhores formas de superar a crise econômica. Nesse sentido, quais foram as principais ações que fizeram a empresa seguir crescendo?

Uma das minhas primeiras decisões foi reconhecer e identificar as lideranças do Grupo para trazer um novo modelo de gestão e cultura para dentro da operação e definir os eixos estratégicos. Para isso, fizemos mudanças no comitê de direção, promovendo uma participação maior de mulheres nos cargos de liderança, recolocamos áreas como Comunicação, Marketing e TI no centro das decisões, criamos novas áreas como Relações com Investidores, e, principalmente, escutamos todos os canais importantes para o Grupo, desde investidores, acionistas, franqueados, colaboradores e clientes, na busca de encontrar as melhores práticas para o negócio. Nunca tomo uma decisão com apenas um conselho, gosto de escutar todos os níveis de cargos e, principalmente, confiar na competência das minhas equipes, debatendo ideias, e desta maneira temos encontrado uma forma de atuar com mais transparência, criatividade e trazer um olhar para o futuro.

 

Quais foram os principais desafios da AccorHotels superados em meio à crise econômica vivida por alguns países da região, principalmente o Brasil?

A atual situação econômica proporcionou ao Grupo definir as metas de investimentos, onde favoreceu o desenvolvimento de alguns processos internos, a mudar a gestão em diversas áreas de implantação da companhia, em trazer uma das maiores plataformas digitais para sua operação – com investimentos de R$ 250 milhões – e fincar a meta de tornar o aplicativo accorhotels.com um dos cinco itens instalados em qualquer smartphone ou tablet.

Apresentamos, na prática, uma resposta de como renovar a hotelaria e os serviços no Brasil, desde a categoria econômica até os modelos de experiência em hotéis de luxo, proporcionando um novo lifestyle para nossos diferentes perfis de clientes. Entre as ações colocadas em prática estão desde produtos inovadores para o setor, como o quarto compartilhado na rede ibis budget, soluções digitais como o My Web Wallet, presente na rede Pullman, e a chegada de duas marcas icônicas ao país, MGallery e Mama Shelter, que inaugurou a sua primeira unidade no mês de agosto, ambas no bairro Santa Tereza, Rio de Janeiro, entre outras.

 

Quais os pontos positivos de 2016 que gostaria de destacar?

2016 foi um ano desafiador, que nos moveu e testou a nossa criatividade, capacidade de inovar, reinventar, vencer e seguir adiante. Tivemos as Olimpíadas e Paralimpíadas, que trouxeram um resultado muito superior ao mesmo mês de anos anteriores. Os países hispânicos fizeram um excelente ano, o que ajudou a região. As aberturas e o número de hotéis em operação cresceram dentro do planejado. O Le Club AccorHotels continuou apresentando desempenho excelente e nossos associados representam mais de 50% em volume de negócio. Outro item importante: todos os índices que medem nossa qualidade subiram bastante. Mas, o maior legado de 2016 para mim é a força que percebi em nosso time. Tenho um grande orgulho desta equipe incrível de colaboradores que, diante de um desafio, mantém um entusiasmo genuíno para fazer a diferença, chegar lá e ser líder em hospitalidade e referência na América do Sul.

 

Quais são as características da sua gestão que você pretende manter em 2017?

Acredito que a diversidade na equipe e o diálogo com os colaboradores e parceiros nos períodos difíceis fazem a diferença e devam continuar existindo.

Dentro das transformações atuais do Grupo, acredito que a horizontalidade na gestão promoverá uma atuação mais humana. Tenho a curiosidade em conversar com as Camareiras, com os Garçons, ao mesmo tempo também divido meu tempo em escutar os Diretores e Gerentes, por exemplo – toda linha de operação tem um ponto de vista e um feedback importante. Quero ser um embaixador natural da empresa no país e todos os nossos públicos devem reconhecer isso ao enxergar o CEO como uma liderança que o inspira.

Também continuarei sendo uma ponte importante entre Paris e a nossa região, além de um embaixador do Grupo, ajudando as equipes de Desenvolvimento, Eventos e Marketing.

O topline é o nosso principal desafio do momento e já demonstramos nossa capacidade de gestão, controle de custos e processos e continuaremos com muita atenção nisso. Hoje, precisamos capturar mais clientes e ainda garantir que eles voltem.

 

A humanização da sua gestão também pode ser notada no incentivo à qualidade de vida dos colaboradores, por meio do VIVAH, o programa de bem-estar do Grupo. Por que o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal deve ser prioridade para os colaboradores?

A vida profissional deve ser combinada com a pessoal. É fundamental conciliar trabalho, networking, um tempo para família e algumas horas dedicadas a você mesmo – isso é primordial para ganhar energia e produzir mais durante o dia. Eu sou um apaixonado por esportes, pratico corrida, tênis e golfe, e também gosto muito de apoiar a arte contemporânea no Brasil.

Acredito que todos devem investir em atividades que fazem bem e, para isso, ter controle do gerenciamento do tempo. É um bom desafio para todos levarem para este ano que acabou de começar. Pessoas mais generalistas são mais visionárias e mais capacitadas nas relações humanas, em se tornarem intermediadoras e colocar energia, otimismo e realismo no trabalho.

 

Entrevista do mês: Patrick Mendes

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